Orixá do Mês

Nanã

Dia 26 de Julho – Dia de Sant’Ana sincretizada com a orixá Nanã 

A mais velha divindade do panteão, associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares, Nanã é o único orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais. É tanto reverenciada como sendo a divindade da vida como da morte. Seu símbolo é o Íbiri - um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado com búzios. Nanã é a chuva e a garoa.

O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento, uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá. Nanã Buruquê representa a junção daquilo que foi criado por Deus.

Ela é o ponto de contato da terra com as águas, a separação entre o que já existia, a água da terra por mando de Deus, sendo, portanto, também sua criação simultânea à da criação do mundo.

1. Com a junção da água e a terra surgiu o barro.

2. O barro com o sopro divino representa movimento.

3. O movimento adquire estrutura.

4. Movimento e estrutura surgiu a criação, o Homem.

Portanto, para alguns, Nanã é a divindade suprema que junto com Zambi fez parte da criação, sendo ela responsável pelo elemento barro, que deu forma ao primeiro homem e de todos os seres viventes da terra, e da continuação da existência humana e também da morte, passando por uma transmutação para que se transforme continuamente e nada se perca.

Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido.

Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.

A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.

Nossa amada mãe Nanã envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou.

É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal. Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a "memória" dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.

O único Orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais. É tanto reverenciada como sendo a divindade da vida como da morte. 

Saudação a yabá Nanã deve dizer:

"Saluba Nanã!", que significa “nos refugiamos em Nanã” ou ainda “salve a senhora da lama”.